segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Mês Missionário




Iluminando-nos no tema do Mês Missionário, proposto pelo Papa Francisco — "A vida é missão" — a pedagogia que encontramos nas celebrações do mês de outubro de 2020 convocam os celebrantes para serem missionários do Reino de Deus pelo empenho da própria existência.

O mistério da recusa divina
O convite divino para se tornar missionário é ouvido no primeiro Domingo de outubro: "vinde trabalhar na minha vinha" (27DTC-A). É preciso reconhecer que o convite divino não é, de modo geral, bem acolhido. Por se tratar de um convite que exige disponibilidade para cultivar a vinha do Senhor na própria comunidade, ele é recusado, diria, com certa frequência. E, pior que isso, em muitas circunstâncias é recusado até mesmo com alguma forma de agressividade (27DTC-A).
A parábola de Jesus, no 27DTC-A, dos "vinhateiros violentos", choca pela gratuidade da violência e apresenta aquilo que é denominado como "mistério da recusa de Deus". Deus oferece uma vinha para ser cultivada, oferece condições e oferece a retribuição pelo trabalho da vinha, e mesmo assim, é rejeitado. Por que? Por que a humanidade tem tanta dificuldade para acolher o projeto divino?
Uma resposta é dada pela própria Liturgia, no 28DTC-A, na parábola de Jesus sobre o "Banquete nupcial do filho do Rei". Não havia nada mais honroso e mais desejado que participar da festa de casamento do filho do rei, no tempo de Jesus. Mesmo assim, o convite é recusado e trocado por interesses pessoais. O mistério da recusa a Deus, da recusa ao projeto divino, tem sua origem no individualismo marcado pelos interesses pessoais. Interesses que, como narra a parábola, é defendido também com a violência, como na parábola dos "vinhateiros violentos" (27DTC-A).
Os dois primeiros Domingos convidam a refletir sobre o modo como a comunidade acolhe o convite para participar e se empenhar no projeto divino. Os dois primeiros domingos de outubro colocam um questionamento nos celebrantes: como cultivar a vinha presente na comunidade? Um questionamento dirigido individualmente a cada celebrante: de que lado você está: da aceitação ou da recusa para trabalhar na vinha do Senhor?

O projeto do Reino pela vida plena
Os dois últimos Domingos de outubro podem ser iluminados pela finalidade do projeto divino, com a finalidade do Reino de Deus: a vida plena. A busca da vida é um projeto que acontece na história e, inevitavelmente está envolvida e conduzida pela política, mas jamais confundida com alguma atividade política. Por isso, o dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César (29DTC-A) convida a considerar os limites e as diferenças na busca da mesma meta: a vida plena, a vida digna para todo ser humano. A política tem seu papel, mas a vida plena só se realiza com a presença, a participação e a comunhão com e na vida divina.
O projeto divino fundamenta-se no amor. No amor a Deus e no amor ao fraterno com quem se convive e para com todos os homens e mulheres (30DTC-A). O empenho para trabalhar na vinha do Senhor (27DTC-A) e o convite para celebrar do banquete nupcial do Reino (28TC-A) revelam que não existe verdadeiro amor a Deus sem a partilha do amor fraterno com quem se convive. Não existe amor cristão direcionado somente a Deus. O amor a Deus se concretiza no socorro ao próximo, em suas necessidades.

Peçamos que a Virgem de Aparecida, padroeira do nosso Brasil, que solene e alegremente celebramos neste mês de outubro, interceda para que os celebrantes acolham o convite para trabalhar na vinha do Senhor (27DTC-A) e para participar do banquete do Reino (28DTC-A), como ela mesma fez, acolhendo, confiando e vivendo iluminada pela Palavra de Deus.
Serginho Valle
Setembro de 2020


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