Infelizmente, tanto no estudo da teologia, como na prática pastoral, a liturgia é tratada muitas vezes como se fosse um enfeite, uma parte “externa”, um “embrulho” para a graça sacramental. Não é levada suficientemente a sério enquanto realidade simbólico-sacramental. Os sinais sensíveis, nem mesmo os dos gestos sacramentais, são vividos como ações simbólicas: é água de qualquer jeito; são hóstias que não têm aparência nem gosto de pão e que são entregues sem levar em conta o relacionamento pessoal entre quem dá e quem recebe; é vinho só para os padres; são textos bíblicos lidos de folhetos, são pessoas que estão juntas no mesmo espaço, porém já sem se reconhecerem e sem se tratarem como irmãos e irmãs, como Corpo de Cristo... Caímos no formalismo, no ritualismo, no sacramentalismo, na rotina.
“Simbolomania”
E aí, quando a própria liturgia já não é vivida como ação simbólico-sacramental, surge a necessidade de criar... símbolos! Outro dia, alguém disse que estamos sofrendo de “simbolomania”: queremos “encher” a celebração de “símbolos” (serão, de fato, símbolos? Ou apenas objetos mostrados à assembléia, com longas apresentações, querendo “explicar” o que significam ou “simbolizam”?). Nós nos esquecemos de que a ação simbólica mais central, mais importante, porque mais densa de expressão de nossa fé, é a celebração da Eucaristia (ceia do Senhor). Ao redor dela giram também e participam de sua dimensão sacramental, todos os outros elementos que juntos formam a realidade litúrgica. Portanto, não se trata de nos preocupar em trazer uma série de símbolos e ações simbólicas na liturgia, mas de redescobrir cada gesto, cada objeto, cada pessoa..., dentro da liturgia como ação ou realidade simbólico-sacramental. Trata-se de vivenciar profundamente cada parte da celebração como manifestação, participação e comunhão no mistério revelado em Jesus.
Perguntas para reflexão pessoal ou em grupos:
1. A sua comunidade sofre de “simbolomania”? Caso sim, como remediar?
2. Como sugestão:
· Vamos tentar viver a liturgia, com todos os seus elementos, como ação simbólico-sacramental, começando com a própria Eucaristia e os demais sacramentos e sacramentais.
· Introduzindo outros símbolos ou ações simbólicas, vamos fazer com que estejam integrados no tempo litúrgico, na ação litúrgica que estamos celebrando.
[1] Artigo publicado na Revista de Liturgia, julho/agosto 2000, pág. 30 e no livro Celebrar com Símbolos, Paulinas, pág. 59-60
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